Muito tem se comentado das inovações tecnológicas atuais. Todavia, a grande pergunta é quais são os limites morais e éticos da sua aplicação?
Seu próximo chefe poderia ser um robô?
Ao ler alguns artigos publicados pelo Gartner, em especial este: Could Your Next Boss Be a Robot? (numa tradução livre: Seu próximo chefe poderia ser um robô?), me senti vivenciando a realidade da série de filmes Exterminador do Futuro.
Pois bem, você pode dizer: não é para tanto! Contudo, convido-lhe a acompanhar a minha linha de raciocínio e após você pode fazer suas próprias considerações a respeito disso.
Primeiramente, é muito importante a consideração que não sou contra o uso da tecnologia, em qualquer dos seus multimodos. Tanto é que nos últimos 14 anos trabalhei diretamente com ela, seja na implantação de sistemas ERP, na implantação de sistemas e-learning e/ou m-learning ou mesmo no desenvolvimento de conteúdo online para diversas empresas etc.
Isso, creio eu, me permite considerar que não sou contra a tecnologia, mas sim contra a forma como ela pode ser aplicada, pois ela pode ser um “remédio” ou um “veneno”.
Dados ->Informações->Conhecimento
Contudo, vamos voltar à questão inicial desta nossa reflexão. Tínhamos, até hoje ao menos, que a capacidade de interpretar dados, transformando-os em informações e que, por sua vez, organizadas e processadas, podem se transformar em conhecimento, como uma competência essencialmente humana.
Esta é aquela, já não tão nova, mas famosa equação:
De qualquer forma, o que vemos cada vez mais presente na nossa realidade é o avanço da inteligência artificial, a qual, por si só, não tem absolutamente nada de errado, muito antes pelo contrário, pode trazer vários benefícios à humanidade.
Conhecimento e inteligência
Porém, antes de avançarmos, você pode estar se perguntando: mas qual é mesmo a ligação entre o conhecimento e a inteligência?
Por isso, não custa nada a gente relembrar isso, não acha?
Segundo o Dicionário Michaelis Inteligência é a faculdade de entender, pensar, raciocinar e interpretar; entendimento, intelecto, percepção.
Assim, podemos concluir, utilizando a nossa inteligência, que a equação apresentada anteriormente, que vai de dados ao conhecimento, de uma forma bem simples, representa a capacidade de ser inteligente.
A partir disso, considerando que as máquinas podem ser inteligentes também, não haverá mais a necessidade de pessoas nas empresas e demais organizações?
Veja esta consideração, também retirada do artigo citado a primeira linha desse nosso texto.
By 2018, more than three million workers globally will be supervised by robobosses, according to Frances Karamouzis, vice president and distinguished analyst at Gartner. (Até 2018, mais de três milhões de trabalhadores em todo mundo serão supervisionados por “chefes robôs”, conforme Frances Karamouzis, vice-presidente e conceituado analista do Gartner.)
Ao analisar esta informação, em especial, é que me senti vivenciando, de uma forma muito realista, algumas cenas da série Exterminador do Futuro, visto que máquinas passarão a “chefiar” seres humanos. Isso parecia totalmente inconcebível até pouco tempo atrás.
Entretanto, será este o fim da gestão de pessoas como a conhecemos hoje?
Será que o conhecimento, a inteligência humana e a capacidade do ser humano de pensar de forma sistêmica, criar, colaborar e inovar não terão mais importância, a partir de meados do século XXI?
Inteligência humana x Inteligência Artificial
Não quero lhe dar respostas prontas, justamente acreditando na sua inteligência, e por isso vamos a algumas perguntas relevantes:
- Será que a inteligência artificial é capaz de inovar?
- As máquinas terão capacidade de pensar sistemicamente, criar e colaborar, de forma efetiva, como os seres humanos?
- De que forma estamos preparando as pessoas, nas nossas empresas, para estarem preparadas para esta nova era que está se avizinhando?
- Há algum tipo de incentivo para que as pessoas exercitem a sua capacidade de pensamento sistêmico, criação e colaboração mútua?
- Estamos preparando as nossas empresas para serem inovadoras no século XXI?
Certamente não teremos respostas prontas e fechadas para todas as questões acima, pois de longe não são tão simples assim.
Considerações importantes sobre inteligência humana e inteligência artificial
Porém, perceba que há considerações muito relevantes a serem feitas:
- O ato de inovar (segundo o Dicionário Michaelis) passa por produzir ou tornar algo novo; renovar, restaurar. A partir disso, parece-me que a inovação ainda é uma competência bastante humana.
2. Temos a necessidade, cada vez mais premente, de incentivar a capacidade das pessoas de pensarem sistemicamente, de criarem novas soluções para novos problemas, de colaborarem entre si e não somente competirem entre si.
3. Peter Senge, em sua obra A Quinta Disciplina nos diz: “o pensamento sistêmico é uma disciplina para ver o todo. É um quadro referencial para ver inter-relacionamentos, em vez de eventos; para ver os padrões de mudança, em vez de ‘fotos instantâneas’”. Serão as máquinas, e sua inteligência, capazes de fazer isso?
4. Estamos incentivando, através da nossa forma de gerir pessoas, que se formem chefes ou líderes? Vivemos em tribos indígenas que precisam de chefes para se organizarem e se sobreviverem ou há, efetivamente, a necessidade de formar líderes que estejam dispostos a aprender constantemente?
5. Há um real incentivo à inovação em nossas empresas? Serão elas organizações inteligentes? Como está se dando o processo de Alinhamento Estratégico, Educação Corporativa, Administração do Conhecimento e Gestão da Inovação?
Vamos despertar nosso pensamento crítico?
Após algumas perguntas da série: perguntas que não querem calar!, fizemos as considerações, que embora básicas pretendem despertar o nosso pensamento crítico.
Vamos, agora, analisar alguns fatores, que podem lhe ajudar a lidar com os novos desafios que certamente irão se apresentar para você e a sua empresa amanhã ou depois de amanhã.
I. O seu capital humano, independentemente do uso da inteligência artificial, ainda será o seu verdadeiro diferencial, à medida que o mesmo for incentivado a pensar sistemicamente, criar, colaborar e inovar.
II. Utilize a tecnologia a seu favor. Perceba como ela pode facilitar o processo de administração do conhecimento da sua organização, em especial ao incentivar formas de criar, socializar, utilizar e proteger o conhecimento.
III. Tenha uma empresa verdadeiramente inteligente, que incentiva a inovação contínua. Nós criamos um diagnóstico para lhe ajudar neste sentido.
Veja mais em: Como está sendo incentivada a inovação com base no conhecimento.
Até a próxima!
Referências Bibliográficas
Michaelis, Dicionário Online (http://michaelis.uol.com.br/)
Senge, Peter M. A quinta disciplina: arte e prática da organização que aprende. 31ª. Edição. Rio de Janeiro: BestSeller, 2016. P. 127
Smarter with Gartner. Could Your Next Boss Be a Robot? (http://www.gartner.com/smarterwithgartner/could-your-next-boss-be-a-robot/)