Tratar as pessoas como recursos, que até hoje nos parece tão normal, pode ser um risco, a nível estratégico, para as empresas que desejam sobreviver a este século.
Não lhe parece absolutamente normal falar de ‘recursos humanos’ nas nossas empresas? Porém, pessoas podem ser vistas simplesmente como recursos?
Olá Gente Boa!
Desejo que você esteja em Paz!
Quero poder trocar algumas ideias, hoje, sobre pessoas como recursos, nas empresas inteligentes, humanas e inovadoras.
Além é claro, de falar dos desafios próprios do nosso século.
Aliás, falar de desafios do nosso século e dizer que são maiores do que em outros períodos seria um grande erro.
Parafraseando o Papa Francisco, na sua Exortação Apostólica Evangelli Gaudium, quando ele diz que os desafios atuais são diferentes. Não necessariamente maiores ou menores do que em outras épocas históricas.
Até porque, para cada pessoa que vive determinado tempo histórico, os desafios da sua época, sem dúvida, serão os maiores.
Para completar, posso dizer que o Programa Café Filosófico, exibido nesta segunda-feira, na TV Cultura, com o filósofo Franklin Leopoldo e Silva sobre ‘a ética necessária’, me inspirou a escrever estas breves linhas.
Recomendo inclusive que possam acompanhar a série de ‘cafés filosóficos’, promovidos pelo Instituto CPFL Energia.
Pessoas vistas como seres humanos ou pessoas como recursos
Como já disse no início deste post: tratar as pessoas como recursos nos parece tão normal, que nem paramos para pensar o que isso se significa de verdade.
Por aqui, nós nos questionamos há algum tempo.
Tanto é que temos um evento denominado Painel Interativo: empresa como máquina e/ou cérebro, que visa, dentre outros aspectos, abordar este assunto.
Pois bem, que levante a mão quem já não se referiu aos funcionários como ‘recursos humanos’.
Isso é absolutamente normal, quando temos, na grande maioria das empresas, um departamento, que supostamente cuida das pessoas, denominado justamente de Recursos Humanos.
Contudo, vejamos. O que significa mesmo o termo recurso?
Invocação de ajuda, apoio ou socorro.Meio de que se lança mão para vencer uma dificuldade ou um embaraço.
(Fonte: Dicionário Michaelis On-line)
Segundo o filósofo Franklin Leopoldo e Silva ao tratar sobre ‘a ética necessária’, ao ver uma pessoa como um recurso estamos tratando ela como um objeto. Não como um ser humano integral.
Qual a diferença básica?
Quando vemos as pessoas como recursos elas são relevantes quando tem alguma serventia. Isso quer dizer que se não forem produtivas não ter valor algum. Ao passo que ao enxergarmos as pessoas como seres humanos, na sua integralidade, elas devem ser respeitadas em todas as suas fases da vida, do seu nascimento à morte natural.
Em cada fase da vida, as pessoas têm alguma importância.
Ocorre que não necessariamente para a visão mecanicista, especialmente da era industrial, que reina dominante em plena Era do Conhecimento.
Por que pode ser um erro estratégico tratar as pessoas como recursos?
Nós já falamos aqui. Tratamos especialmente disso no Painel Interativo: Inovação, Conhecimento e Aprendizagem, mas não custa reforçar: já não vivemos sob a égide da Era Industrial, própria do século XIX e meados do século XX.
Muito embora, você há de convir, muitos lideres, que não são inteligentes, tratam as pessoas exatamente como se estivessem no século XIX.
O que estamos nos referindo especialmente?
1. Ver as pessoas como recursos.
2. Procurar obsessivamente um aumento da produtividade, sem uma visão estratégica e sistêmica.
3. Buscar os resultados almejados a todo custo, não importando as consequências para a natureza ou para os seres humanos.
Importante ressaltar que a natureza, como um todo, também sofre as consequências diretas desta visão. O que, aliás, pode ser vista como uma consequência da visão dualista cartesiana, segundo respeitados filósofos. Dentre eles, Hans Jonas e sua reflexão sobre a Filosofia da Mente.
Mas afinal, por que pode ser um erro estratégico ver as pessoas como recursos?
Como consequência de uma Sociedade do Conhecimento, mas especialmente pela degradação da natureza, pelas mudanças climáticas e pela necessária conscientização das novas gerações. Especialmente os nascidos a partir de meados do século XX. Temos hoje uma nova visão das pessoas sobre o que é verdadeiramente importante para o seu futuro.
Não me parece à toa que muitas pessoas, consumidores, estejam dispostos a pagar mais caro por produtos que tenham uma cadeia produtiva sustentável.
Isso quer dizer basicamente que:
1. Respeitam as pessoas (funcionários).
2. Respeitam a natureza.
3. Respeitam a sociedade ao seu redor.
Não me parece à toa, igualmente, que muitas pessoas inteligentes estejam preocupadas com propósito e qualidade de vida. Naturalmente, não numa visão utópica, mas sim totalmente colada com o seu dia a dia nas organizações.
De qualquer forma, é extremamente importante lembrar:
‘Tudo me é permitido’, mas nem tudo convém. ‘Tudo me é permitido’, mas não me deixarei escravizar por coisa alguma.
(Fonte: Primeira Carta de Paulo aos Coríntios 6,12)
Tenhamos nós uma empresa inteligente, humana e inovadora
Este assunto é tão relevante, qual seja, ver e tratar as pessoas como recursos, bem como suas consequências, que vamos dividir a sua reflexão em duas edições do Homines Formatam.
Assim, fica aqui, desde já, o convite para você acompanhar a próxima edição deste espaço de reflexão.
Contudo, ainda hoje, quero lhe convidar a refletir sobre o propósito de ter, na sua organização, uma visão que vai além das pessoas como recursos.
Veja o que desejamos para você:
Missão Equipe Conducere from Conducere on Vimeo.
Até a próxima, Pessoal!
Abraço.
Créditos:
Texto: Jocelito André Salvador
Imagem destacada: Freepik.com