A expressão está nos principais meios de comunicação, o Dicionário Oxford elegeu a “palavra” ou expressão do ano de 2024 – brain rot.
Tal escolha, deveria, ao menos, nos deixar incomodados. Afinal, em plena era digital, com acesso facilitado à informação, ter o “cérebro apodrecido”, teria que causar desconforto e uma autoanálise profunda, enquanto seres humanos, dotados de inigualável inteligência. Porém, pouco ou quase nada repercutiu na grande mídia ou mesmo nas redes sociais. Não viralizou e não virou hype. Foi uma notícia, quase despercebida, em meio a tantos “influencers” e influências que pautaram nossa primeira segunda-feira de dezembro.
Brain rot e sua relação com a sua mental
Entretanto, em tempos que se apela tanto à pauta da saúde mental e qualidade de vida, encontrar descaso com tudo aquilo que poderia auxiliar numa “descompressão” sólida do estresse, buscar o equilíbrio entre o corpo e a mente e perceber que a escolha, a nível mundial, está, nos momentos de lazer e/ou folga, em buscar por conteúdos simples, irrelevantes e pouco desafiadores, realmente nos deveria fazer questionar para quais caminhos a humanidade está escolhendo trilhar.
Todavia, infelizmente, não podemos nos esconder por detrás de um: eu não sabia. Há alguns anos, especialistas e estudiosos, em especial da área da neurociência, já apontavam um fenômeno estranho à evolução natural da espécie humana: as novas gerações estavam ficando menos inteligentes que a sua anterior imediata.
Este é um fenômeno novo?
Neste sentido, em 2020, o neurocientista francês, Michel Desmurget escreveu um livro chamado “Fábrica de cretinos digitais”. Naquele mesmo ano, concedeu uma entrevista à rede BBC, onde afirmava: “Simplesmente não há desculpa para o que estamos fazendo com nossos filhos e como estamos colocando em risco seu futuro e desenvolvimento”. Caso queira ler na íntegra esta matéria, acesse aqui!
Porém, muitos anos antes, com o advento das mídias sociais, com os primeiros avanços da inteligência artificial, já se buscava tirar a complexidade do nosso dia a dia e tornar tudo simples, beirando ao simplório. Frases curtas, com palavras fáceis, que escritas para um adulto, mas que mesmo uma criança de 7 anos teria que ser capaz de entender.
Que outros eventos recentes tem relação
Outro dado que talvez possa não ter tido muita importância, foi publicado no final de novembro: “Brasil perde quase 7 milhões de leitores em quatro anos”. Conforme descreve a notícia, pela primeira vez, “a proporção de não-leitores é maior do que a de leitores”. Conforme a CBL (Câmara Brasileira do Livro) informa, “53% das pessoas não leram nem parte de um livro – impresso ou digital – de qualquer gênero, incluindo didáticos, bíblia e religiosos, nos três meses anteriores à pesquisa.”
Ainda, recentemente, discorremos sobre a constatação de que a inteligência artificial já está mais inteligente que os seres humanos e que, na atual evolução, há o temor de que não seja mais possível o seu controle, pois as redes neurais cibernéticas já encontraram o caminho de criar seus próprios pensamentos, sem a necessidade da intervenção humana. Caso queira ler mais sobre isso: Dois anos de ChatGPT, o que isso nos impactou?
Como o brain rot interfere nas nossas tomadas de decisões
Tendo tudo isto em mente, precisamos refletir: como queremos resolver problemas complexos da humanidade, por exemplo desafios climáticos e a inversão da curva demográfica, se ocupamos nosso tempo com futilidades ou com assuntos de pouca relevância intelectual?
Outro ponto que chama a atenção é que muitos pesquisadores defendem que até o estilo de música pode influenciar e prejudicar o cérebro humano. As vibrações e mensagens compostas na letra, podem ser altamente prejudiciais para o raciocínio e a cognição das pessoas. Já músicas mais complexas, como a clássica, por exemplo, potencializam receptores conectados ao prazer e bem-estar.
Neste contexto, em 2023, a National Geographic, apontou um estudo do efeito da música para a saúde do cérebro. Para lê-lo, acesse aqui.
Decida por manter seu cérebro saúdavel
Aliás, algo amplamente sabido e defendido. O cérebro é um músculo e de acordo com os estímulos aplicados, ou não, ele vai, através de sua neuroplasticidade, criar novas conexões, ou reduzir o consumo de energia, que aparentemente, é desnecessário.
Cada indivíduo, dotado de sua liberdade, tem o direito e o dever de fazer as escolhas que julgar mais assertivas para o seu desenvolvimento e do seu entorno. Contudo, fatos evolutivos, ou melhor involutivos como os apresentado pela Oxford, tendem a nos chamar para escolhermos uma rota diferente da até então conduzida.
Referências consultadas
BBC News. ‘Geração digital’: por que, pela 1ª vez, filhos têm QI inferior ao dos pais. Disponível em: <Novas gerações tem menor QI>. Acesso em: dez. 2024.
CNN. Brasil perde quase sete milhões de leitores em quatro anos, diz pesquisa. Disponível em: <perda de leitores no Brasil>. Acesso em: dez. 2024.
Estadão. ‘Brain rot’ é palavra do ano, segundo o dicionário de Oxford; entenda o que é isso. Disponível em: <Estadão – brain rot>. Acesso em: dez. 2024.
National Geographic. Qual o efeito da música no cérebro das pessoas? Disponível em: <música para o cérebro>. Acesso em: dez. 2024.
Imagem de capa: Google Imagens. 2024. Disponível em:<brain rot>. Acesso em: dez. 2024
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