A neurociência tenta explicar – aprendizagem!

 

NeurociênciaA neurociência tem avançado muito nos últimos anos  e decifrado caminhos para a construção de novas sinapses e funções cognitivas.

Estamos reaprendendo a aprender!

Por volta dos anos 1970 a humanidade foi inserida na era do conhecimento. Já havíamos passado por duas revoluções industriais e percebeu-se que não era mais a quantidade de máquinas e mão-de-obra que determinam e atendem às necessidades do mercado, mas sim os processos e a inteligência estratégica da organização. Neste sentido, a linha de produção perdia espaço para o método Toyota e começava os embriões da gestão da qualidade e de pessoas.

Com o avanço da tecnologia, a informação passou a ser difundida com maior velocidade, o que passou a exigir profissionais altamente preparados em gerir conhecimento. Por este motivo, estamos reaprendendo a aprender.

Como a neurociência tem ajudado a entender a aprendizagem

No campo da neurociência muitas pesquisas estão sendo realizadas para compreender o processo de aprendizagem do ser humano. Hoje se sabe que o cérebro produz neurônios diariamente e que estes estão sempre buscando novas conexões cerebrais (sinapses) para gerar aprendizado. O cérebro, como qualquer músculo que temos, precisa ser fortalecido e clama por desafios contínuos. Além dessas descobertas, consegui-se mapear técnicas e procedimentos sobre o que realmente funciona e o que não funciona para nosso processo de aprendizagem. Por exemplo, você sabia que sublinhar o texto com um marcador não facilita a absorção de conteúdo?

Por quê?

Pense bem. Quando você marca um texto, ao voltar a lê-lo não vai direcionar sua leitura para o que está grifado? Entretanto, será que naquela marcação está realmente a síntese das ideias do autor?

Contudo, o que poderíamos sugerir como um método eficaz?

Sabe-se que a leitura, releitura e a síntese (fazer um breve resumo) do que foi lido, auxilia e muito para fixar o conteúdo a ser aprendido. Tente fazer essa experiência!

Pensamento focado e pensamento difuso

Focar-se nem sempre é a solução para realizar determinada tarefa!

Quando era criança e estava aprendendo alguma coisa nova, sempre ouvia que deveria me concentrar ao máximo para entender. Entretanto, neurocientistas descobriram que nosso cérebro se comporta de duas formas quando estamos pensando: ou ele usa o pensamento difuso ou o pensamento focado.

O pensamento focado é acionado quando já conhecemos ou tivemos acesso a algo relacionado aquilo que estamos aprendendo.

Aqui cabe o jargão popular – “… é igual a aprender a andar de bicicleta, nunca mais é esquecido!”. Realmente é mais ou menos isso.

Imagine que o cérebro é um grande arquivo. Ele vai guardado dentro de caixinhas (memórias) tudo o que sabemos. Quando necessitamos rever determinado assunto, os neurônios vão até essa caixinha e a abrem.

Entretanto, quando não conhecemos o assunto a ser tratado, o cérebro envia a mensagem da busca aos neurônios e eles ficam “pipocando” em todo o arquivo e procurando onde está essa informação ou experiência.

O jogo de pinball e o pensamento

Explicando o pensamento difuso e focadoUma neurocientista comparou este processo a uma mesa do jogo de pinball. Então, para termos a informação ou a armazenar, nosso cérebro precisa abstrair as informações, possibilitando a localização e união de conceitos em algum momento já aprendido ou permitindo a entrada da nova informação a ser adquirida.

Para facilitar a compreensão vamos pensar na seguinte situação: um arquiteto é expert em projetar apartamentos. Todavia, determinado cliente solicita o projeto para uma casa de fazenda. Neste sentido, apesar de não ser o que rotineiramente era desenvolvido por ele, este profissional vai focar-se em lembrar como realizar tal empreendimento, pois em algum momento na faculdade de arquitetura foi aprendido como desenvolvê-lo.

Seguindo neste mesmo exemplo, pense em outro contexto. Um administrador compra uma faixa de terra e deseja construir uma pousada. Para diminuir os custos e para se autodesafiar, decide que ele próprio vai fazer o projeto, bem como edificar seu empreendimento. Por mais que na infância este profissional possa até ter construído uma casa na árvore, ele não tem o conhecimento de como fazer e não adiantará em nada focar-se nesta situação. Ele terá que abstrair seus pensamentos e buscar muito material sobre como realizar essa construção, além de muito provavelmente solicitar ajuda profissional.

Portanto, quando alguém disser para você que se foque em determinada tarefa, reflita se você conhece ou não do assunto solicitado. Caso contrário, diga-lhe que necessitará abstrair as ideias e não se focar!

Como as memórias atuam na aprendizagem?

Já falamos sobre o processo de fixação do conteúdo. Então, vamos entender quem é o responsável por essa incumbência!

As encarregadas pela fixação da informação são as memórias. Entretanto, como será que elas atuam?

Temos três tipos de memórias: a sensorial-motora, de curto prazo (temporária) e de longo prazo (permanente).

Memória Sensorial-Motora, Temporária e Permanente

A memória sensorial-motora capta a sua percepção! Você olhou para determinada situação, seu cérebro registrou. Contudo, caso não tenha sido relevante essa informação, a mesma é descartada. Merecendo uma atenção maior, essa informação vai para a memória de curto prazo e lá permanecerá por alguns segundos. Não tendo nenhuma conexão com o assunto registrado, a novidade será descartada. Todavia, com seu esforço e alimentando seu cérebro com novos dados e informações do assunto levantando, essa informação será armazenada e ficará retida na sua memória de longo prazo (na caixinha) e estará à disposição dos neurônios sempre que eles necessitarem buscá-la no arquivo.

Para exemplificar como esse processo ocorre:

Você está lendo o jornal e vê uma notícia sobre o aumento na tarifa de energia. A informação foi para sua memória sensorial-motora. Apesar da sua indignação pelo novo aumento, decide ler um pouco mais sobre o assunto. A informação está indo para sua memória de curto prazo. Após ler sobre o aumento, a reportagem traz uma série de dicas fáceis de serem implementadas na sua rotina, assim como sugestões de hiperlinks que tratam com maior profundidade sobre este assunto. Além de ler as dicas e sugestões, você resolve por em prática essas informações e acompanhar por dois meses suas contas de energia para verificar se as mudanças foram eficazes e sua conta reduziu de valor.

Com todo esse processo, você conseguiu armazenar a informação na memória de longo prazo e aprendeu a economizar energia elétrica.

Aprendizado e as memórias de longo prazo

Ao falar de aprendizado sempre recorremos às memórias de longo prazo e estas só serão armazenadas mediante o esforço pessoal. Quando conseguimos que as informações sejam armazenadas nesta memória, nosso processo de aprender foi bem sucedido.

Assim como as crianças, os adultos também estão sempre absorvendo coisas novas e aprendendo. Contudo, essa aprendizagem só ocorrerá mediante o esforço em pesquisar, criar experiências, estudar e se educar no assunto que se busca o aprendizado.